Via da Verdade

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terça-feira, junho 17, 2003
 
Chomsky, in Os verdadeiros pensadores do nosso tempo, de Guy Sorman

Em 1957 Chomsky propôs uma nova teoria da linguagem, em que nos diz basicamente que falamos como vemos.

Prova disso é que os linguistas verificam que, em todas as línguas, certas características são aprendidas e outras não. Estas características aprendidas são, portanto, herdadas genéticamente. Chomsky diz-nos então que não aprendemos a nossa língua, ela é inata, está inscrita na nossa biologia.
O que a revolução chomskyana pretende é que a linguística descubra as regras universais da linguagem, ou seja, as estruturas linguísticas comuns a todos os seres humanos.

A diversidade das línguas, diz-nos Chomsky, não é infinita: Não podemos afirmar nem pensar qualquer coisa. Todas as línguas assentam numa gramática universal única, e a estrutura das línguas que o homem é susceptível de falar é limitada, porque estamos limitados pelo nosso património genético.

A linguagem é, então, produto da nossa evolução natural e, como tal, estamos biologicamente limitados a combinar somente alguns tipos de sons e fazemo-lo segundo regras comuns a todas as línguas. Ex: muitas línguas formam o plural acrescentando à palavra um fonema suplementar. Em nenhuma acontece o contrário, ou seja, em nenhuma se retira um fonema para formar um plural.

A originalidade das línguas humanas está no facto de conseguirmos, com meios limitados, gerar um número infinito de combinações – Gramática Generativa.

Ao contrário de, por exemplo, Quine (ver Teoria da Indeterminação da Tradução, de Quine), Chomsky afirma que todas as línguas se podem traduzir e ser aprendidas. Isso prova a homogeneidade linguística da humanidade, que é uma consequência da nossa homogeneidade biológica.
Já uma hipotética comunicação com extraterrestres seria impossível, pois estaria condicionada pelas nossas naturezas distintas.
Ou seja: As estruturas de base do comportamento humano são sempre as mesmas, mas combinam-se de muitas maneiras diferentes, como um caleidoscópio. O mesmo se passa com as línguas.

Esta tese de Chomsky surgiu no década de 50 em concomitância com a descoberta do código genético: a origem da linguagem está nos nossos genes.
Como podemos ver, a filosofia linguistica de Chomsky é claramente cientifica, ou empírica.

Chomsky, e os investigadores do MIT, esforçam-se por encontrar, por detrás da diversidade aparente das línguas, uma unidade profunda: a Gramática Universal.

Segundo Chomsky as crianças já nascem a saber falar, da mesma forma que os pássaros sabem voar. Ou melhor, o adulto orienta a criança para falar uma determinada língua, mas a criança já possui em si, de um modo inato, as ferramentas para adaptar a linguagem à realidade. Ex: Quando uma criança aprende a dizer “uma pessoa”, descobre rapidamente o que é uma pessoa, mesmo que esta envelheça, ou lhe seja amputado um braço.
A capacidade de interpretar a realidade faz parte do nosso código genético. Além disso, logo que começa a falar, uma criança aplica espontaneamente regras de gramática muito complexas, que nunca ninguém lhe ensinou. Como tal, a linguagem decorre da biologia e não do ensino.