Via da Verdade

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segunda-feira, junho 02, 2003
 
Ficha de Leitura de "Philosophy of Language"
de William Lycan, ed. Routledge

Capítulo 6 – Teorias de “Uso”

O sentido wittgensteiniano de “uso”.

Por forma a compreendermos o termo significado no sentido wittgensteiniano devemos tomar o ponto de vista do receptor da expressão linguística, ou seja, daquele que procura compreender o sentido dessa expressão linguística.

Devemos perceber o fenómeno da compreensão como resultante da linguagem e de tudo aquilo que aprendemos, quando aprendemos a nossa linguagem.

Aquilo que aprendemos quando aprendemos uma linguagem é toda uma forma complicada de comportamento social. Aprendemos a interagir com as outras pessoas e com o mundo através de um complicado conjunto de regras que constituem a prática linguística.

As teorias essencialistas do significado não tinham em consideração a importância fundamental do uso na determinação do sentido. Segundo essas teorias, o sentido seria algo extático e inerte, algo de concreto com que as expressões linguísticas se relacionariam.

Wittgenstein refutou estas teorias, apesar de não negar que existam algumas relações desse tipo. A linguagem, diz-nos Wittgenstein, não é um conjunto de marcas ou sinais relacionados com certas entidades abstractas, as proposições. Para Wittgenstein a actividade linguística é, acima de tudo, um jogo.

A actividade linguística é algo que é governado por regras e convenções, maioritariamente intrínsecas, que passam despercebidas ao falante comum.

O uso correcto de uma expressão num determinado jogo de linguagem constitui o seu significado.As expressões que usamos têm papeis sociais funcionalmente definidos.
Existem, como tal, diversos jogos de linguagem: o matemático, o científico, de cortezia, de casamento, político, diplomático, etc.

Resumo

De acordo com as teorias do significado tradicionais, como a Teoria Referencial, a Teoria das Descrições Definidas de Russell, ou a Teoria das Proposições (que diz que algo tem significado quando expressa uma dada proposição), as frases e os termos linguísticos em geral são entidades abstractas cuja estrutura pode ser estudada como se de objectos reais se tratassem.
Wittgenstein recusa semelhantes conceitos de significado.
Para ele, o significado não é um objecto abstracto. O significado é o papel que uma expressão linguística desempenha no comportamento social dos seres humanos. Ou seja, saber o significado de uma expressão é, simplesmente, saber qual o uso correcto dessa expresão num determinado contexto.