Via da Verdade |
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domingo, junho 15, 2003
A teoria da Indeterminação da Tradução, in Enciclopédia de Termos Lógico-Filosóficos, ed. Gradiva ...manuais para traduzir uma linguagem noutra podem ser construídos de modo divergente, todos compatíveis com a totalidade das disposições verbais, mas, no entanto, incompatíveis entre si. W.V. Quine De modo a estabelecer um manual de tradução entre duas línguas o linguista tem de estabelecer correlações semânticas hipotéticas entre palavras e expressões das duas línguas, de modo a formar um léxico e uma gramática para a linguagem alvo (a linguagem da qual se pretende traduzir as expressões é a linguagem fonte). No entanto, este manual de tradução tem de obedecer a um “critério de correcção” que exige que haja uma adequação empírica entre as disposições verbais dos falantes da linguagem fonte (os nativos, no exemplo de Quine) e os termos da linguagem alvo, bem como uma maximização do acordo entre as crenças dos nativos e as do linguista, por forma a evitar situações de absurdidade e contra-senso. O que Quine nos diz com esta teoria da Indeterminação da Tradução é que podem existir n manuais de tradução, todos eles correctos, e no entanto, todos incompatíveis entre si, isto porque cada um estaria de acordo com as disposições verbais (teia de crenças...) dos falantes nativos da linguagem fonte da tradução. Esta teoria de Quine pretende refutar a tese do Mito do Museu da semântica mentalista, que diz que “as obras exibidas são os sentidos e as palavras são as legendas”. Ou seja, duas frases (uma na língua fonte, outra na língua alvo) expressariam (segundo o Mito do Museu da semântica mentalista) necessariamente o mesmo sentido: Gavagai e Coelho = Coelho. Como tal, entre essas duas línguas, só uma tradução correcta e perfeita seria possível. Quine mostra-nos que a realidade de uma teia de crenças (ou diferentes disposições verbais) é que é a responsável pelo sentido de uma frase, pelo que uma tradução perfeita nunca é possível.
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