Intencionalidade
O significado filosófico de intencionalidade é o de ?dirigido a algum objecto?, quer este seja físico ou abstracto, existente ou inexistente. Para algo ser intencional é necessário que seja acerca de alguma coisa?. Estados mentais como crenças, desejos e arrependimentos são acerca de algo, ou seja, são intencionais. Para Brentano a marca distintiva do mental seria esta intencionalidade em relação a qualquer tipo de objecto (abstracto, inexistente, físico?). Ou seja, os estados mentais são intencionais de um modo que um estado físico nunca pode ser. Um estado físico nunca pode ser dirigida para algo que não seja também um estado físico. Como é bem patente, a tese de Brentano implica um dualismo cartesiano que separa mental e físico. Dificilmente os psicólogos cognitivos aceitarão que as representações e computações mentais que advogam sejam algo mais que estados do cérebro. No entanto fica-lhes por explicar como é que estados puramente físicos podem ter propriedades intencionais. A posição behaviorista e eliminativista passa por cima deste problema negando simplesmente que as pessoas tenham aquilo a que se chama estados intencionais. Actualmente a generalidade dos teóricos das ciências cognitivas acreditam que os estados intencionais do agente, assim como as suas atitudes proposicionais, são inerentes a estados do cérebro. A intencionalidade é considerada uma representação mental com propriedades semânticas. Essas representações são conceitos que implicam tanto uma interacção com outras representações internas (crenças, desejos, etc.) como com estados do mundo externo. São ?acerca de? algo pois referem-se ou designam algo.
Para Fodor e Sellars estes ?estados intencionais são simplesmente estados físicos com propriedades semânticas? cujos objectos são apenas os conteúdos representacionais. O problema desta posição está em saber como é que é possível (e se é possível) determinar o conteúdo semântico de algo físico. A psicosemântica de Fodor procura resolver esta questão.
Uma importante crítica a este modelo internalista vem de Hilary Putnam que com a sua experiência mental da ?Terra Gémea? procura demonstrar que as atitudes proposicionais de um agente não são determinadas apenas pelos seus estados internos: ?dois seres humanos podem ser idênticos molécula por molécula e mesmo assim apresentarem crenças e desejos diferentes?, pois essas atitudes proposicionais dependem de vários factores no seu contexto histórico e temporal. Segundo Putnam alguém na Terra Gémea poderia pensar estar a referir-se a água (H2O) quando na verdade não existia lá água nenhuma, mas uma coisa muito parecida (XYZ).
Assim, será necessário distinguirmos conteúdo alargado ? os conteúdos representacionais ? de conteúdo estrito ? aqueles determinados pelo conteúdo físico do agente.
posted by Tomás at 5:38 da tarde