Via da Verdade

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terça-feira, junho 27, 2006
 
Resumo do meu artigo Emoções e o problema mente-corpo

1) Apresentação do problema Mente/Corpo

Keywords: fisicalismo; completude da física; causação mental; Tim Crane; emergentismo.

Três teorias que explicam o papel causal da mente no mundo físico:
i) Teoria da Identidade [o argumento da variabilidade múltipla contra a teoria da identidade - funcionalismo]
ii) Fisicalismo não redutivo/ Superveniência [o conceito de superveniência não resolve o problema da causação mental]
iii) Emergentismo [apresentação da posição de Tim Crane em que este rejeita a completudo da física. Breve referência à obra ?O Universo a nossa casa? de Stuart Kaufman]

b) Três argumentos contra uma teoria fisicalista da consciência
i) O argumento dos Zombies de David Chalmers
ii) A falha explicativa
iii) O argumento do conhecimento: Maria a cientista das cores

c) Thomas Nagel e Colin McGinn contra as explicações fisicalistas para os fenómenos mentais
i) Em ?What is it like to be a bat?, Thomas Nagel afirma que a consciência, por ser algo sentida apenas pelo sujeito que é consciente nunca poderá ser devidamente apreendida por uma teoria fisicalista.
ii) Colin McGinn no seu livro ?Problems in Philosophy: the limits of enquiry?, apresenta a sua tese do naturalismo transcendental ou seja, McGinn acredita que apesar de o fisicalismo ser verdadeiro e não haver mais nada no mundo que fenómenos passíveis de serem explicados pela ciência física (naturalismo) devido às limitações do nosso sistema cognitivo nós não conseguimos compreender como é que muitos desses fenómenos podem ser verdadeiros (transcendental). Entre esses fenómenos McGinn coloca o problema da Mente-Corpo, o problema do livre arbítrio, o problema da consciência, o problema da identidade pessoal...)

[Neste ponto argumento que b) e c) não nos apresentam quaisquer soluções ao fisicalismo. Digo ainda que a) i) e ii) já foram devidamente desmontados por Tim Crane e que a proposta emergentista deste autor com o seu consequente abandono da completude da física em a) iii) simplesmente não me convence pois também não oferece uma alternativa à causalidade da física. Como tal na segunda secção procuro contribuir para uma resolução fisicalista do problema Mente-Corpo aproximando de alguma forma os Estados Mentais dos Estados Corporais via estados Emocionais.]

2 ? Contribuição para a resolução do problema mente corpo: aproximar mente e corpo via emoções

A ideia essencial aqui defendida é a seguinte: qualquer conceito emocional tem uma concomitante física, que defini como uma protoemoção. Identifico todo e qualquer evento mental com um determinado conceito emocional pelo que um evento mental não pode ser considerado algo abstracto que se possa separar desse concomitante físico, nomeadamente, um sentimento emocional. Em termos históricos ou evolucionários esse sentimento emocional começou por ser a protoforma dos nossos eventos mentais, no sentido em que consistia numa avaliação corporal de algo que era bom ou mau para o organismo. Aqui sigo Patricia Greenspam que identifica o significado dos nossos estados mentais primitivos com essa avaliação imediata e não cognitiva de estados do corpo. Ainda segundo Greenspam terá sido a complexificação do nosso sistema cognitivo que terá afastado os nossos eventos mentais deste seu significado imediato inicial. No entanto, mesmo após a sofisticação conceptual que o desenvolvimento do nosso sistema cognitivo permitiu, os nossos eventos mentais continuam ligados ao corpo constituindo o conteúdo semântico de eventos físicos como as protoemoções.

O desenvolvimento cultural e filosófico da humanidade levou-nos a falar e a pensar a mente como essencialmente separada do corpo, e de facto parece-nos óbvio que assim seja: imaginamo-nos facilmente a sobreviver à morte do nosso corpo, a trocar de corpo com outras pessoas, a sair fora do nosso corpo ir dar uma volta e voltar, etc.),e é por isso que nos custa a aceitar uma explicação fisicalista para o problema mente/corpo. Talvez não nos seja possível falar dos nossos estados mentais como propriedades dos nossos estados corporais, talvez isso não caiba na nossa grelha conceptual e nos seja completamente ininteligível, mas isso não quer dizer que as coisas não sejam assim. Parafraseando Wittgenstein, de facto não nos parece que a mente seja o corpo, mas como é que pareceria se a mente fosse, de facto, o corpo?

Tomás Magalhães Carneiro



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Mind Language and Action Group

Colóquio MLAG

RACIONALIDADE, CRENÇA, DESEJO

POCTI/FIL/55555/2004

Instituto de Filosofia ? FLUP

torre B- 1º andar

30 de Junho de 2006

09h00 - Abertura

Sofia Miguens

09h10 - Emoções protoemoções e racionalidade

Tomás Magalhães Carneiro

10h10 - Racionalidade na acção: porque não somos irracionais

Carlos E. E. Mauro e Susana Cadilha

11h10 - Intervalo

11h30 - Conceito de crença, triangulações e atenção conjunta

Sofia Miguens

12h30 - Filosofia da informação: pressupostos epistemológicos em Luciano Floridi José P. Maçorano

13h30 ? Encerramento

Todos os autores são investigadores do Mind Language and Action Group ? MLAG http://web.letras.up.pt/smiguens/mlag/index.html



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segunda-feira, junho 05, 2006
 
Resumo do meu artigo apresentado no 3º Encontro Nacional de Filosofia Analítica ENFA 3

Emoções e Racionalidade Derivada

Os dois problemas centrais deste artigo são os seguintes: 1) que estatuto atribuir ao nosso background não cognitivo numa teoria filosófica da racionalidade?, e 2) como encontrar um critério normativo de racionalidade?

Na primeira secção ?Critérios de racionalidade: duas objecções ao critério consequencialista?, procuro contextualizar o artigo no estado da arte fazendo alusão ao trabalho de Stephen Stich (Research Group on Evolution and Higher Cognition) no sentido de trazer os resultados da psicologia evolucionista para o campo das teorias da racionalidade. Interessa-me sobretudo o seu trabalho sobre racionalidade das emoções, nomeadamente o critério consequencialista que Stich usa para avaliar a racionalidade e a irracionalidade das emoções.

Em seguida avanço com duas objecções ao critério consequencialista. Numa primeira objecção critico Stich por este não deixar bem claro onde devemos parar a atribuição de racionalidade. Se seguirmos apenas o critério consequencialista, parece-me, vemo-nos livres para atribuir racionalidade a fenómenos não cognitivos como algumas emoções básicas. Numa segunda objecção ao critério consequencialista defendo a necessidade de um meta-critério normativo contra o qual avaliar a racionalidade do agente, suas acções e processos cognitivos.

Na segunda secção, ?Racionalidade derivada e avaliação de racionalidade? procuro responder a estes dois problemas. Nesse sentido defendo que para falarmos da racionalidade de um agente, de uma acção, ou de um processo cognitivo são necessários dois níveis de condições: condições de ocorrência e condições normativas de avaliação. Nas condições de ocorrência coloco o background pré-racional, condição necessária para a ocorrência de fenómenos racionais. Neste artigo defino todos esses fenómenos não cognitivos que constituem o background sob o termo protoemoções. Nas condições normativas de avaliação coloco a rede de crenças e de atitudes proposicionais necessárias para que determinado fenómeno seja interpretado, comparado e avaliado quanto à sua racionalidade.

Quanto às condições normativas de avaliação pretendo ainda argumentar em defesa de uma norma pela qual se possa avaliar a racionalidade dos agentes.

Procuro ainda argumentar em favor de uma maior empiricidade das teorias da racionalidade e para isso (inspirado no conceito de ?intencionalidade derivada? de John Searle) avanço com a atribuição de racionalidade derivada ao background não cognitivo dos nossos sistemas cognitivos (as nossas protoemoções). Essa atribuição pretende, por um lado, dar conta da importância desse background não cognitivo nos nossos processos cognitivos superiores, por outro lado pretende encurtar a distância entre esses dois pólos (mente e corpo) que poderão não estar tão distantes quanto normalmente se pensa.



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